ESPECIAL DIA DAS MÃES
“DEPOIS QUE EU FUI MÃE EU ESTOU MAIS SATISFEITA COM MEU CORPO DO QUE JAMAIS ESTIVE ANTES”
Priscila Dau, mãe, DJ e dançarina burslesca revela sua intimidade e como conquistou seu empoderamento sexual

Priscila Dau tem 29 anos e é mãe solo da Miranda, de 1 aninho. Uma gravidez não planejada, o que não é uma situação incomum no Brasil. Segundo a pesquisa “Nascer no Brasil”, da FIOCRUZ, 55% das mulheres não planejaram ficar grávida.
Dança burlesco desde os 21 anos, o que fez parte de seu processo de empoderamento sexual. O Burlesco é a arte de contar uma história por meio da sensualidade e a dança, que se juntam ao humor e ao exagero para criar diversas narrativas, que podem ser cotidianas, universais ou mesmo políticas. Não falta glamour em suas produções, sempre muito ousadas. A dança tem sua origem na França e se popularizou pelo mundo sempre marcado pela sátira, nudez e muita sensualidade.
Priscila não para. Também é DJ. Trabalhou com a banda Matanza, já tocou no Circo Voador, com João Gordo, no Imperator e hoje é DJ residente no Bar Empório 37 em Ipanema no Rio e toca também em São Paulo, além disso, toca em festas super badaladas.
Começou sua vida sexual na adolescência, mas só foi descobrir o que é orgasmo no início da vida adulta. Segundo pesquisa da USP, apenas 22% das brasileiras tem orgasmo. É um número muito baixo ainda. E Priscila lamenta que muitas mulheres ainda não cheguem lá.
“Eu tive uma criação muito tradicional, e eu iniciei minha vida sexual relativamente nova, com 14 para 15 anos e eu só fui realmente entender o que é orgasmo com uns 18 e depois eu comecei a entender o que eu gostava e eu realmente tomava conta da minha sexualidade quando eu tinha uns 20 e poucos anos. E foi tudo muito natural para mim. Eu sempre tive isso, a sexualidade, eu sempre gostei da sensualidade, é uma coisa inerente à minha personalidade. Não sei qual é o termo, eu fico um pouco chocada, frustrada ou triste quando eu vejo depoimentos de mulheres que tem uma vida inteira e nunca sentiram orgasmo, nunca conseguiram se apropriar da sua sexualidade”
Teve sua filha de parto natural, com doula, e lutou muito por isso. O Brasil é o segundo país com a maior taxa de cesáreas do mundo e é uma bandeira de muitas mulheres, incluindo a Priscila, que o parto volte a ter o protagonismo feminino e seja como a mulher desejar. O parto faz parte da vida sexual da mulher, parto é sexo, defende Priscila.

“Foi uma gravidez que não foi planejada, eu não estava com o pai da minha filha (….) eu sempre soube que eu quis tê-la (…) e o mais importante do meu processo de gestação foi a força que eu vi que eu tinha sendo mãe solo. Hoje eu vejo o quanto foi importante para meu desenvolvimento, do que eu me tornei hoje, me empoderou de eu me impor e colocar limite. Nunca tive tanta coragem e nunca fui tão determinada do que depois que eu engravidei e tive minha filha. Eu saí do sistema do parto como ele é institucionalizado na nossa sociedade, eu fui em busca de um parto humanizado, tive uma doula, deixei de ser atendida pelo plano de saúde porque pra mim ficou bem claro que o médico que estava me atendendo ia roubar meu parto e eu fui pro SUS. Fui chamada de maluca pra baixo.”
Como conselho para as mulheres, ela pede que se toquem, literalmente.

“Acho que você tem que se permitir, ter os desejos que você tem, e você se conhecer. Se toque onde é que você gosta mais, como você gosta. Se você tem um parceiro fixo, proponha. Eu acredito em outra coisa, se você tem uma tara, ou um jeito e o parceiro que você está não curte, desculpe ‘esse não é para você, gata, troque de homem’, porque eu acho que tem que ser recíproco”.
Priscila Dau abriu as portas de sua casa em Botafogo para a equipe do Infosex e contou sobre sua vida sexual, empoderamento e maternidade.
Confira no vídeo especial de dia das mães.

“O meu empoderamento [sexual] começou aos 21 quando eu fiz meu primeiro vídeo de burlesco com meu amigo. Foi a primeira vez que eu pude expor esse meu lado. E eu lembro que na época eu fiquei morrendo de vergonha. Hoje eu vejo como evoluí em como trabalhar com meu corpo, expor o meu corpo” – Priscila Dau.

“Empoderamento sexual para mim é quando a gente se permite descobrir os prazeres, sentir prazer, se conhecer, saber o que você gosta e não ter vergonha disso. A gente é criada de uma forma que podam a gente. Sexo é tabu, sexualidade é tabu” – Priscila Dau